(In)tolerância


 A respeito da violência a que somos constrangidos a conviver, vou tecer um leve comentário - se é que é possível leveza nesse quesito. Vi e revi imagens de dois veículos conduzidos por duas mulheres numa disputa por espaço.

Uma atravessou, ou melhor, ultrapassou com o veículo, na frente de um carro. Não estou aqui apontando dedos e, muito menos, pendendo por lados de quem estaria com a razão. Na investida considerada insultosa, a condutora do veículo ultrapassado passou a agredir o automóvel que estava à sua frente. 

Parecia que nada conteria aquele ataque de fúria. E não conteve, mesmo! Isso porque chegou a ferir, nas suas investidas, a perna da motorista "infatora". 

Não sei como resolveram a situação com relação aos gastos financeiros e danos morais. Mas aqui fico cismando o pensar, o que ganhamos com  intolerância? 

Olhando para as inúmeras vezes que deixei falar mais alto, o meu EU, percebo o quanto de tempo perdi.

Tempo passado é sempre presente

Saber como me sinto a respeito dos 70 anos? Nem sei ainda. 

Estou começando agora. 

Não se faz anos. 

Vivenciei sete décadas? Acho que não. Como já disse, estou começando agora.

A princípio, vem o susto, como tudo que é novo na vida. 

Setenta anos? Não parece. É o que mais escuto vindo de fora. E o que faço com essa observação? Fico mais jovem, mais aliviada?

Eu nem sei se ficarei mais pesada... 

O peso do tempo? Acho que é bem leve o tempo que passa tão fortuito. 

O passar é sempre um passar. E o que fica é o que se retém, seja na memória- templo do passado-, seja nas conversas... 

Ah, no meu tempo? 

Eu não sou passado. Eu estou presente, iniciando uma nova temporada com um novo dígito. E com inúmeras mudanças.... como são boas as transformações, que não se moldam... 

Vamos pensar que o mundo íntimo se divide em dezenas, sendo assim, só me pergunte  como me sinto aos 70, quando na virada para os 80. Aí, sim, terei vivido essa nova fase da vida.

Pensando sobre minha forma de ser

 Ela não faz chover, mas prepara o tempo. A frase foi ouvida com riso.

De início, não entendi bem o porquê. A pessoa que soou o alerta

falava sobre a forma como caminho: "Ela não anda. Desfila."

E aí vem outra expressão: só quer ser as pregas(rs) devido ao olhar empinado. Isso mesmo, o meu olhar, a forma como levanto a cabeça (formas que não vejo, mas que são notadas, percebidas e, por assim, cobrada.

Tem razão. 

Mas esse molejo nasceu comigo. Sempre fui faceira, como reclamava minha mãe

Ficava incomodada com a observação porque mãe sempre tem razão.




Uma inspiração

O bem estar é uma conquista contínua


 é como respirar

mesmo que sofra interrupção

para continuar 

Respirar é preciso

Está por aqui, ainda!

 Vi por aí

a poesia se debatendo,

contra um muro.

Foram tantas investidas

que conseguiu ser notada.

Reanimada, 

mais uma vez,

contesta o esquecimento

do romantismo

da mesmice...

Pasmada ainda

pela vida

que reacende,

sem muros

sem limites



Essa coisa de questionar

Fico  cismando o pensar sobre a minha existência perguntando a mim mesma, o que eu poderia ter feito diferente?

Se eu não tivesse filhos, se não tivesse casado, se não tivesse envelhecido... 

Pois é, como lidar com esse tempo que não para de passar, e que ainda enfrento dificuldades para lidar com pessoas? 

Por que não se aprende ou mesmo apreende o que poderia nos facilitar, de fato, o lidar com gente?

Dizer que o amadurecer vem com o tempo, que depois de certa idade se fica seleto, ou mesmo com preguiça de me expor, ou mesmo enfrentar os dias com mais ou menor intensidade.... 


por que ainda questiono tanto a minha existência?

Nem sempre empática

O envelhecer deveria vir acompanhado de situações novas, 

mais tranquilas, 

menos conflitantes. 

Fico aqui cismando por que isso não ocorre?

As vicissitudes, os sentimentos negativos, deveriam envelhecer, 

ficarem mais fracos,

menos nítidos e, por que não, invisíveis como a grande maioria de nós.

Mas, não! 


São resistentes, fortes, e como âncoras, seguram o navio cujos passageiros são os mesmos.

Os erros do passado que se tornam presentes.

E aí vem os questionamentos: por que razão ainda valorizo tanto o que o outro pensa ou faz? 

Acredito que não seja apenas empatia...

(In)tolerância

  A respeito da violência a que somos constrangidos a conviver, vou tecer um leve comentário - se é que é possível leveza nesse quesito.  Vi...